O 1º Encontro da Biologia trouxe discussões acerca de vários temas que envolvem a profissão do biólogo de maneira geral, bem como sua atuação em diversas áreas.
No primeiro dia, tivemos uma palestra com a professora da UFTM Karina Ferrazzolli Devienne Vicentine, que nos falou sobre fitoterápicos. A professora iniciou fazendo uma abordagem ao cenário no Brasil, do projeto “Farmácias vivas”, que teve início em 1985, da regulamentação dos fitoterápicos bem como dos estudos das plantas medicinais. Ela falou também sobre o RENIUS- Relação Nacional de Plantas Medicinais de interesse ao SUS, em que alguns vegetais são usados na profilaxia de algumas doenças. A professora alertou, porém, sobre a necessidade imprescindível de procurar uma orientação médica especializada antes de trocar os medicamentos alopáticos pelos fitoterápicos, ou mesmo antes de fazer o uso de tal. Ressaltou, ainda, que para o tratamento de doenças graves esses medicamentos devem ser usados apenas para a prevenção. Quanto ao estudo dessas plantas ela disse ser necessária uma equipe multidisciplinar, com a colaboração de vários profissionais como agrônomos, botânicos, químicos, biólogos, farmacêuticos, entre outros.
Houve, em seguida, uma brilhante palestra da professora Patrícia Helena Zanier sobre: “Novo modelo de depressão”. Karina falou, ainda, sobre as teorias e hipótese que tentaram explicar a doença desde os primórdios da civilização, como a Teoria psicodinâmica (Beck1997) e os estudos de Hipócrates (VI a.C.), por exemplo, até teorias recentemente elaboradas como a Teoria da Neurogênese, que consiste basicamente na “produção de novos neurônios”, e surge como uma possibilidade de cura para a doença, pois de acordo com especialistas, a teoria pode dar várias explicações a dúvidas antes não esclarecidas. Patrícia fez menção às pesquisas em andamento que utilizam modelos animais e explicou como é seu trabalho na universidade em que os modelos são usados em testes em que e a depressão é induzida e, posteriormente, tratada com medicamentos determinados para se verificar a eficácia ou não dos mesmos.
Para encerrar o primeiro dia do evento, tivemos uma mesa redonda com a temática “Fertilização Assistida”, com as presenças do professor Carlos Henrique Medeiros de Araújo, da UFTM, o professor José Gonçalves Franco Junior e a bióloga Claudia Guilhermino Petersen, do Centro de Reprodução Humana Prof. Franco Junior, em que foi discutido o método de reprodução assistida. Foi explicado como é todo o processo, desde o início da avaliação do caso, da fertilização in vitro e da inseminação sptz; também se falou do início dessa prática no Brasil. Além disso, foi mencionado como é a atuação do biólogo nessa área, pelas palavras da bióloga Cláudia, que nos explicou em que consistia seu trabalho. Houve, ainda, uma discussão acerca da questão ética que envolve esse assunto.
No dia 8 de outubro, o tema da mesa redonda era “Abordagem Citogenética, Clínica e Molecular em Anomalias Genéticas. Inicialmente, ouvimos a professora Alessandra Bernadete Trovo de Marqui, que nos falou sobre a neurofibromatose, uma desordem causada por mutações gênicas, de caráter autossômico dominante, a qual ainda não tem cura, mas tem tratamento. A professora citou ainda dois grandes centros que pesquisam sobre e atendem pessoas com neurofibromatose, o CEPAN, Centro de Pesquisas e Atendimento em Neurofibromatose e o CNNF, Centro Nacional de Neurofibromatose. A professora Marly Aparecida Spadotto Balarin falou sobre a etiologia das doenças genéticas, e citou algumas síndromes relacionadas aos cromossomos, tais como Síndrome de Patáu, Síndrome de Down, Síndrome de Klinefelter e a Síndrome de Cri-Du-Chat, a síndrome do miado de gato, além de fazer menção à leucemia mielóide crônica. Falou-se também em Informação Genética, que consiste basicamente das informações contidas a partir do seqüenciamento de genes.
Em seguida, tivemos uma palestra com o Dr. Ricardo A. Tibúrcio, da Unicamp, em que o tema era “Perspectivas para a genômica frente às novas tecnologias de Seqüenciamento em Massa”, em que a genômica focaliza o estudo do genoma de um organismo determinado. Esse “ramo” da genética, surgido recentemente no cenário da ciência contemporânea, conta com inúmeros artifícios tecnológicos, das ferramentas computacionais e, sobretudo, da bioinformática. O palestrante nos explicou como é feito o seqüenciamento e mapeamento de genes, bem como as informações obtidas são colocadas num banco de dados e analisadas por meio dessas brilhantes ferramentas tecnológicas e, por fim, como esses dados podem ser usados em estudos em biologia e medicina.
E, para encerrar o I Encontro da Biologia a mesa redonda abrangeu um tema indispensável no encontro “Vivência profissional nos diferentes níveis de ensino” em que contamos com as presenças de vários professores atuantes nos diversos setores da educação. Inicialmente, a professora Ana Paula Bossler, da UFTM, que com belas palavras e belos poemas nos falou sobre o ofício se ser professor, que na sua visão se dá pela “arte de promover desarranjos”. Ela ainda falou sobre a possibilidade de fazer a diferença, de ser criativo, tendo iniciativa e usando, por exemplo, os diversos recursos tecnológicos disponíveis. A professora fez menção ao uso da ciência associado a outras áreas do conhecimento e também falou sobre um assunto que é sempre polêmico: o distanciamento entre o que professor fala ao aluno e a realidade do mesmo que, na maioria das vezes, não estão interligados. Em seguida, ouvimos a professora Mariângela de Oliveira Silva e Melo, da Escola Estadual Professora Corina de Oliveira, que falou sobre os grandes desafios aos quais os professores estão suscetíveis. A professora Anésia Marina dos Santos Silva, da Escola Estadual Santa Terezinha, falou de uma maneira geral sobre a atuação como professor, das vantagens, da valorização do profissional, da força de vontade e dedicação necessárias para ser um bom professor, bem como da imensa responsabilidade a qual “carrega sobre os ombros”, já que na visão de Anésia o professor se torna exemplo pessoal e profissional para os alunos. A professora falou também sobre a importância da se tentar aproximar os conteúdos ao cotidiano do aluno, em comum a fala da professora Ana Paula Bossler. Tivemos ainda, a oportunidade de ouvir o professor Honor Leite de Araujo Junior, também da Escola Corina. Honor falou do papel do professor em sala de aula, do limite entre professor e aluno e de sua visão que ambos têm capacidades e limitações. Por fim, tivemos a palestra do professor Neivaldo Miranda Carneiro, da FCETM/Cesube, que proferiu seu discurso em torno do desafio ser um professor diferente e não apenas mais um entre os demais, em que esse anseio gira em torno do desejo de extrapolar os limites físicos da sala de aula. Compartilhando com o pensamento de outros professores, falou sobre a disposição de vários recursos que podem ser usados para tal e encerrou reafirmando o fato imprescindível de que é preciso, sobretudo, se ter paixão e prazer pelo que se faz.
Diante do exposto, acredito que o evento só veio contribuir para a nossa formação em todos os âmbitos, além de nos proporcionar conhecer outras diversas várias de atuação do licenciado em Ciências Biológicas, bem como ouvir brilhantes palestras e esclarecer dúvidas.
Texto: Eliziane Veríssimo Ferro
Abaixo vocês podem ver algumas fotos do Enbio...
foto 1: mesa redonda para discussões dos temas tratados
foto 2: Professora Marina da proferindo seu discurso- Escola Santa Terezinha
Foto 4: Professor Honor, da escola Professora Corina de Oliveira